Após meses foragido, o empresário Marcelo Batista da Silva, dono do ferro-velho Prometais, localizado no bairro de Pirajá, em Salvador, se apresentou espontaneamente à Justiça baiana na última segunda-feira (9). Contra ele havia um mandado de prisão por homicídio qualificado, relacionado ao assassinato de Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matuzalém Lima Muniz, desaparecidos desde 4 de novembro de 2024.
A decisão do juiz Vilebaldo José de Freitas Pereira, que concedeu liberdade provisória ao empresário, gerou repercussão. Segundo o magistrado, a apresentação voluntária e a entrega do passaporte por parte de Marcelo demonstrariam um “comportamento arrependido”, motivo que o levou a substituir a prisão preventiva por medidas cautelares mais rigorosas.
Entre as condições impostas pela Justiça, Marcelo deverá:
- Usar tornozeleira eletrônica;
- Permanecer em casa à noite, das 19h às 6h, inclusive nos finais de semana;
- Não deixar Salvador;
- Manter-se a até 100 metros de sua residência no período determinado.
Investigação e provas
O desaparecimento das vítimas motivou a Justiça a autorizar buscas nos imóveis residencial e comercial do empresário, quatro dias após o sumiço. A Polícia Civil encontrou vestígios de sangue em um recipiente de lixo dentro de um dos contêineres da Prometais. Além disso, chamou a atenção das autoridades o fato de o sistema de monitoramento de segurança da empresa ter sido completamente destruído, o que impediu o acesso às imagens das câmeras, que poderiam ter registrado as execuções.
Segundo as investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mais de 50 câmeras de segurança foram danificadas, alimentando a suspeita de que o crime tenha sido premeditado e de que a destruição dos equipamentos foi uma tentativa de ocultar provas.
Outros envolvidos
Além de Marcelo Batista da Silva, também são investigados no inquérito os seguintes nomes:
- Marcelo Durão Costa, policial militar;
- Josué Xavier, policial militar;
- Clóvis Antônio Santana Durão Júnior, irmão de um dos policiais;
- Wellington Barbosa, funcionário da Prometais.
O caso segue em investigação, com acompanhamento do Ministério Público da Bahia.
A concessão da liberdade provisória ao empresário tem gerado debate, especialmente diante da gravidade dos indícios levantados até o momento. A expectativa agora é que os desdobramentos do inquérito tragam respostas sobre o paradeiro das vítimas e a real participação dos suspeitos.